quarta-feira, 29 de setembro de 2010


Refúgio.

Na vastidão do meu universo descobri algo extremamente relevante,
Descobri que voltando dois passos ainda posso ver o começo! 
E advinha... tentei dar mais um, para ver se iria mais longe...
E ainda assim podia ver o começo.

Percebi que o começo não vai sair dali... 
posso dar cem passos... Passado pouco, me perderei de noventa e oito...
Mas os dois primeiros... Ali estarão a contento.

Parece assustador, eu sei.
Ter sempre alguma coisa em seu encalço,
Mas se olhares pra tras irás ver
Que segue-te também teus dois primeiros passos!


Em uma madrugada qualquer

Na noite gélida a quentura de um corpo me assusta,
O arrepio que transcende o meu,
Pousa em seguida no ambiente...
Através de sons ininteligiveis...
Me faz estremecer,
Já não sei se alarmado ou aliviado.

Experimento


De um entrave surge um desenlace...
Que consigo, traz mais quatro entraves.
Eita vida desatinada!... Uma hora se sabe...
E quando vai dar conta...Não sabe mais nada...

Quando a coisa toda acontecer
E surgir sentimento onde não tem,
Ai todo mundo vai ver...
Quem de quem vai ser refém...




Fase

Encostado nessa árvore fria
Que certamente tem o triplo da minha idade,
Começo a pensar naqueles dias
Quando da de hoje, tinha apenas metade... 

Meu lugar não seria cá embaixo,
Estaria trepado... Catando goiabas... 
Ou quem sabe desenroscando uma pipa.
Hoje com menos fôlego
Me recosto e escrevo minhas poesias.

E se nela subisse? 
Com tanta gente ao redor...
Aposto que diriam que sou louco,
E tratariam logo de me censurar.

Afinal, estou na faculdade... É lugar sério...
Onde se aprende coisas realmente importantes
Mas se cheguei até aqui...sem dúvidas,
Grande parte devo as tardes
 Trepado naquelas árvores.




Na base da minha poesia
Nada mais encontras do que desespero,
Mas... tudo é tão sublime...
que chego a gostar de tê-los.



Tédio

A Chama que arde nas pessoas
Não mais me contagia
O Porquê de tal fato 
Não cabe a ninguém entender
Posso eu ser feliz...
E estar em paz com o mundo...
Sem para isso que todos tenham que saber?  

domingo, 5 de setembro de 2010

Criar sem Provocação...Sem desafio...Criar porque sente... como disse em um outro poema... Criar porque exala... Esse é o propósito da "minha" poesia... não fosse assim não faria sentido...e como disse na mesma ocasião... Não mais estaria sendo verdadeiro.

Poeminha de jantar.

Há pouco tempo uma maior era pequena
Porém hoje, da menor sobra metade.
Entristeço-me por nunca imaginar que pensaria
Uma coisa triste assim ainda com minha idade.

Foi palco de risadas muito altas,
Também ali vi pessoas queridas chorar.
Discussões violentas, insultos dos mais baixos,
Que hoje nem vale a pena relembrar.

Éramos seis, passamos a cinco e rapidamente a quatro,
Hoje em três tentamos seguir da melhor maneira.
Três foram com festa... Uma com tristeza... Uma voltou.
Para com nos dois dividir essa imensa mesa.
O que espero de ti


O que espero de ti difere do que encontro no mundo,
Espero que sejas rara, breve e suave
Que tenhas cheiro de chuva e gosto de chocolate.
Quero que tomes conta dos espaços e altere tudo.

O que espero de ti não é nada que já não me ofereças,
Raramente sumindo, brevemente voltando com a suavidade de sempre.
Infestando meu ar com seu cheiro, e beijando-me com gosto de bombom.
E me abraçando de uma forma que faz-me sentir como se fora apenas sua extensão.




Amnésia consentida. 


Busco sempre a tal resposta certa
Corro em círculos por várias vezes
Vou pra cama ressentido por não mais conseguir pensar,
Na esperança de que o amanhã a torne mais fácil de encontrar

Renasce o sol e logo me levanto,
Custo a relembrar com o que dormi refletindo.
Em meio a uma xícara de café surge-me uma resposta
Que por alguns minutos ainda vai permanecer insistindo.

Vou para meu trabalho, me envolvo em outros afazeres
Perco o foco daquela decisão tão importante,
Finda o expediente... Volto pra casa cansado,
Busco na mente a tal resposta, e acabo pelo sono, mais uma vez derrotado.



sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Crux Credo.


Cruz Credo? Não... Não diria isto
Em nome da Crux muitos matam e outros tantos morrem
Prefiro dizer bom dia natureza
E lutar pela preservação de suas belezas.

O Credo não descartaria
Pois credo em algo muito elevado a mim
Porém como julgar a crux elevada, se tuas palavras causam tanta desunião?
Acredito, faço o bem, respeito a todos... 
Mas ajoelhar-me perante tal crux...Isso não.



Momento Narcisista.


Se quando amo vivo,
Uma dúvida paira em minha cabeça:
Ao manter-me amando, manter-me-ei vivo?
Ou ainda assim hei de perecer?

Pensando como poeta
Morreria no instante em que o amor findar,
Como simples mortal
Não choraria e iria a outros me entregar.

Melhor ser como os poetas,
Porém com um amor redirecionado.
Amarei a mim apenas
E quem sabe o morrer nunca venha.



Desejo


Desejo, Vontade, Anseio
Um apanhado de sensações instigantes,
Enche-me a boca d´agua,
Diariamente, e em vários instantes.

Todos os sentidos desperta-o,
Se vejo... Desejo
Se cheiro... Desejo
Se ouço... Desejo...
E desejo também em suas ausências.

O único sofrido é o que vem da memória
Aquele que tento reviver, mas não consigo,
Desejo, Vontade, Anseio...
É apenas para saciá-los que eu vivo.



A espera da flor.





Enquanto a primavera não chega,


Coloro meus dias com um bom livro.


Aqueço meu coração com boa música,


Mantenho a casa florida com belos quadros.





Enquanto a primavera não chega,


Aproveito o friozinho para descansar.


Relaxo em meu leito quente,


Resmungo quando chega a hora de acordar.





Ah! Mas quando chegares,


E instalares em meus olhos um prisma de infinitas cores,


Poderei novamente florir meu jardim,


E aproveitar tua companhia como merecemos.



Semeando Versos





Quando lá fora a penumbra impera


A vida oferece-me um convite para criar.


Seja em absoluto silêncio, ou ao som dos bichos noturnos,


As palavras me vêm mais fácil sob o luar. 





Sob a luz do dia escrevo,


Mas apenas na madrugada é que me passo.


Pois sem o orvalho ou as cervejas num bar,


Por vezes as palavras teimam em me faltar.





Pensando bem a antemanhã não é mais importante que o dia,


Durante este vivencio


E graças a fertilidade da madrugada,


Tudo acaba em forma de poesia.




Sob efeito 


Hoje já não sei o porquê
Não encontro explicação para tanto tormento
Afinal, foras-te com outro por minhas falhas
Mesmo sabendo de meu arrependimento

Sem querer deixei-te de canto
Sem perceber já não cuidava de mim
E mesmo assim sem nenhum pudor
Lançaste-me o castigo mais traidor.

Hoje percebo que nunca a conheci
Que os beijos apaixonados e as palavras de carinho eram apenas disfarces.
Pois quem ama de verdade não se deita com outro
Só por causa dos efeitos de algumas doses.





Certeza Incerta.


Disseram-me uma coisa
Uma coisa sem sentido
Falaram que apenas a morte
É a certeza do destino.

Tolos, que não vêem as outras certezas
Como a do amor que se parte
Dos desejos não realizados
Ou das lágrimas derramadas.

Se ao nascer, a única certeza fosse a morte
Não teria tantos motivos para chorar
Pois saberia que quando minha hora chegasse
Do tempo que se fora só teria o que comemorar.





quinta-feira, 2 de setembro de 2010



Descobrimento


Descobriram uma terra distante
Uma terra povoada por criaturas estranhas
Não são gente, tão pouco bichos
Andam nus e não sabem falar.

Chamaram-lhe índio... Por falta de opção
Chamaram-lhe nativo por nascença
A nomenclatura já não lhes importará
Visto que de qualquer forma virarão lenda.

Misturaram-se a eles, demonstrando solidariedade
Ensinaram-lhe algumas coisas e tiraram-lhes tantas mais
Catequizaram seus filhos transformando-os em índios de mentira
Que hoje ao invés de festas a Guaraci e a Jaci, tecem preces humilhantes a santos invisíveis. 




Ps* Poesia criada para participar do 1° desafio da roda de improviso, postada em 02/09 na comunidade do N.O.P - Nova ordem da Poesia. Provocação: Índio de mentira.
O Fim não é tão Fim.

A vida e eu tinhamos um acordo
Não a provoco e ela me mantém
O problema é que por vezes 
Brincando ela me faz refém.

Pressiona-me contra si e contra o mundo
Na maioria das vezes conseguia fazer-me mudo
Até que me pôs no limite das provações.

Enfureci-me, bradei que não a queria mais...
Tentei em vão por um fim nesse trato de loucura,
Desafiei-a e hoje falo pra ti, amigo
Que só depois disso pude sentir sua doçura.


Ps* Poesia criada para participar do 1° desafio da roda de improviso, postada em 02/09 na comunidade do N.O.P - Nova ordem da Poesia. sob a provocação: Tratado de Loucura.