sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Por que escrever? 

Em um clarão que surge nas trevas de meia existência vã
A luz apresenta-me a realidade,
Durante um segundo contemplo-a de forma descrente,
Para novamente ver-me cego frente sua brutalidade.

Espero ansioso por tal luz novamente,
Mantenho-me em ócio, impedindo assim que não passe desapercebida,
Sento, escrevo, releio, apago,
Chateia-me pensar que talvez pra sempre esteja perdida.

Surge então um lampejinho... Carente de algo que o atice,
Experimento um estado ora concentrado, ora relaxado,
Com isso, sei que no final o lampejinho se inflama,
Mantenho-me atento, para que por ele não acabe queimado.

Face à luz, faz-se a luz... À luz, os sentimentos de verdade,
Trazem consigo revelações que foram esquecidas com o tempo... 
Já não identifico no que surge as coisas que sei,
Mas vejo muito claramente, ali, um pouco do que sinto.

Lanço à luz, a mim mesmo...
Apresento-me à realidade.
Assim ajo, não por vaidade, saudosismo ou outra besteira qualquer,
Assim ajo, pois apenas dessa forma, poderei conhecer-me de verdade.







terça-feira, 12 de outubro de 2010






Entender um Poema.

A cada Verso escrito,
A cada estrofe finalizada,
Em cada título pinçado do fundo do sentimento do poeta
Jazem as guerras de seu mundo interno.

Imaginas tu o real significado de uma ode de Ricardo Reis?
Mensuras quanto amor se esconde por trás
Dos poemas de Vinícius de Moraes?
Sofres como quem abandonara
Há tempos, uma bela senhorita chamada Getrúria?

Sentimo-nos como eles quando lemos suas obras?
Creio que não... Pois apenas quem escreve...
E escreve o que sente, não o que pensa...
Sabe dar o real valor as linhas que se desenrolam
Sem se preocupar se corretamente pontuou as sentenças.

domingo, 10 de outubro de 2010

Certa Feita, Cazuza disse o seguinte:


"Cantando a gente inventa. Inventa um romance, uma saudade, uma mentira... Cantando a gente faz história." 




Escrevendo também... isso não é real!

sábado, 9 de outubro de 2010

O caminho das pedras

Quando as coisas erradas acontecem,
A primeira coisa que fazemos é maldizer do caminho.
Esquecemos, porém que na maioria das vezes,
Somos nós quem controlamos nosso destino.

É minha a decisão de qual rumo tomar,
Por vezes me precipito... paro, volto.
Trago lições para não mais errar,
E novamente inicio.

O que importa, não são quantas vezes voltar,
Nem tampouco o que as pessoas vão dizer disso,
O que importa, verdadeiramente, é saber a hora de parar...
É estar sempre pronto para encarar e contornar aqueles precipícios.

domingo, 3 de outubro de 2010


Latente.

Daquelas tardes quentes
Nem o suor sobrou,
Contanto que te contentes
Afasto-te desta dor.

Traga-me água, digo a Quitéria,
Traga-me água, pois tenho sede.
Traga-me água sem mais demora,
Traga-me água pra meu deleite.

Das tardes cinzas, sobraste o cinza
Parece muito, mas digo que não o é.
Das tardes cinzas o importante era a tinta
Com as quais pintavas meu mal-me-quer.

Traga-me o almoço, digo a Quitéria,
Traga-me o almoço, pois tenho fome.
Traga-me o almoço pois tú não sabes,
Que sem sustento desfaz-se o Homem?

Das noites frias ficaste o cobertor
O do corpo, pois o da orelha levaste,
Ora pois, se foi-se, foi-se porque encontrou
As tardes quentes em outras partes.