quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Os óculos do mundo.  

Quando um sonho parece que não vai se realizar 
E se realiza...
Percebo claramente o efeito negativo dos estereótipos, 
Seu poder de maquiar a transformação do ver em sentir, 
Tornando-o coisa negativamente mutante, desprovida do fantástico.

Diariamente podo parte da capacidade de me iludir,
E embora seja parte do crescer, não me torna mais feliz o resultado da "verdade".  
Com muita tristeza descobri que estas camadas apenas engrossam, Independente do que eu queira,
Dia após dia, as percebo/sinto como se fora por minha vontade. 

Os óculos doados pelo mundo não necessitam de exame prévio,
Ele, em sua infindavel sabedoria nos oferece o qual precisamos,
Aumenta o grau das lentes a cada acontecimento, de forma contínua,
Cuida para não vermos as coisas boas da mesma forma duas vezes,
O que nos causa uma sensação de experiência frente o passar dos anos.

Já assim não as chamo... 
A muito percebi seu efeito sórdido,
Cega-me às coisas para que possa seguir rumo a um manso fim,
Mas quem disse que consigo despojar-me destes tristes óculos?





quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ao Lixo Contemporâneo

Quando a curva da primeira metade dos dias sobressai,
Surge-me a necessidade de expor o contra senso que eclode. 
Serei diferente por ver poesia em todas as coisas de nosso mundo?
Ou será diferente os que nas coisas nada mais vêm do que futilidade?

Creio que os óculos os impeçam de encontrar a leveza,
E que a servidão os fazem escravos da comum ótica,
Porém, se somos todos tão singulares e ímpares seres humanos,
Por qual motivo levaram a cabo a pluralidade das emoções despertadas?

Explico-te, e me... 
Ora, torna-se tão mais fácil  dar cabo do que inusita,
Do que compreender o que frente a mesmice faz-se raro.
Torna-se escasso o que na verdade brota aos montes,
Torna-se hit, o que aos bons frutos mostra-se parco.

O fruto que sobressai é parido da  imbecilidade,
Resulta de eras de desagrado aos grandes mártires,
Afrontas vis aos vultos renomados e consagrados
Que remoem-se e reviram-se em seus leitos violados pela modernidade.  

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O poeta que fala da chuva,
A extrema expressão poética da natureza plagia!
Ainda bem que enquanto transcrevia meu pensamento nessas linhas,
Lá fora era  tempestade e não chuva que caía!
Cegueira emocional.

Ai daquele que no fundo dos olhos de quem ama
Nada mais achas do que amor,
Amor por amor há em tantas estórias
Que assemelham-se quando a essência do que se debate
Trata-se de como e quando acabou.

O pessimista assim o vê... 
Sim, vê, pois o pessimista não sente!
Extirparam-lhe os sentidos ao nascer,
Tal qual da criança chorosa se arrancou o primeiro dente!

Terei moral ou bagagem pra julgar o pessimista
Que chutado fora por todos caminhos por qual passara?
Terei moral para dizer-lhe que o amor está lá, no fundo, como sempre esteve?
Bastando apenas a ele, afastar as lentes, com as quais enxergar demais quisera?

A resposta vem contundente...
Cai sobre mim como fora fruto das linhas que se seguiram,
Mesmo tratando-se do julgar coisa execrada, passível outrora até mesmo de excomungo...
Do auto-julgar ninguém sabe...E cá dentro penso que talvez esta seja uma daquelas perfeitas e secretas ferramentas 
Inatas e escondidas no fundo do nosso interno mundo.

Portanto...Julgo-me capaz de julgar-me,
E a sentença rapidamente vem a meu conhecimento,
Condeno-me a viver cego aos estereótipos,
Que travestidos de tradições e repletos de imposições fajutas, 
A toda forma de amor, rotulam, apossam-se e envenenam.

domingo, 5 de dezembro de 2010


Onirismo tipo II. 

Dos caminhos que por ventura possam me levar a um lugar-feliz,
O teu louco és o que mais me encoraja.
Tentando trilhar as curvas de teu desfiladeiro sem fim,
Sempre findo preso nas armadilhas que preparas.

Se me tentas, por que foges?
Com a destreza de quem conhece bem o caminho,
Somes rápido, antes mesmo que minhas vistas, cansadas e turvas,
Denotem que esconde-se onde o sol escolhera para teu berço.

Não poderia deitar-te em lugar melhor,
Assim como eu, não pudera errar mais na escolha da musa,
Sobes cantando... Provocando minha carne já trêmula,
Não pelo ardor de teu toque, que há muito já esqueci,
Mas pelo ódio que me consome, quando me olhando de cima, percebo teus lábios a sorrir.

Empulera-te em teu paraíso!
Some, cuida para que não precise voltar,
Pois se por acaso algum dia acontecer de sentir saudades,
Juro-te com toda a falsidade de que disponho,
Que ainda se estiveres morta, jamais hei de te perdoar!