quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ao Lixo Contemporâneo

Quando a curva da primeira metade dos dias sobressai,
Surge-me a necessidade de expor o contra senso que eclode. 
Serei diferente por ver poesia em todas as coisas de nosso mundo?
Ou será diferente os que nas coisas nada mais vêm do que futilidade?

Creio que os óculos os impeçam de encontrar a leveza,
E que a servidão os fazem escravos da comum ótica,
Porém, se somos todos tão singulares e ímpares seres humanos,
Por qual motivo levaram a cabo a pluralidade das emoções despertadas?

Explico-te, e me... 
Ora, torna-se tão mais fácil  dar cabo do que inusita,
Do que compreender o que frente a mesmice faz-se raro.
Torna-se escasso o que na verdade brota aos montes,
Torna-se hit, o que aos bons frutos mostra-se parco.

O fruto que sobressai é parido da  imbecilidade,
Resulta de eras de desagrado aos grandes mártires,
Afrontas vis aos vultos renomados e consagrados
Que remoem-se e reviram-se em seus leitos violados pela modernidade.  

2 comentários:

  1. O lixo contemporaneo sobreai do próprio lixo mental de nós mesmo. Cavou-se da nossa alma tão dessusada e desabusada. Confundiu-se nas teias do computador entre o emarranhados de e-mails, blogs, site e coisas tais. Me assusta por isso, penso
    É necessário ter certo zelo para escrever.
    A caligrafia, por exemplo, deve ser escrita com um mínimo de capricho e clareza. Principalmente na era da computação em que vivemos, onde escrever à mão virou requinte, quase um ritual sagrado.
    A escrita nos proporciona um deleite que a digitação nos nega. Uso “nós”, pois creio piamente não ser o único a não sucumbir diante da tela fria do computador. Prefiro ainda a mesa de um bar ou a de um canto solitário de mim mesmo, sentindo o calor da caneta nas mãos e confesso arrependido por desleixo ou desprezo ao micro, deixei de escrever. E um dia notei que a minha caligrafia tinha se deteriorado. Não que minha letra alguma vez foi bela, nem impecável, longe disso, sempre foram garranchos disparados de meus dedos deselegantes, porém sensíveis. Mas, aí percebi que mais que as letras ,eram meu cérebro e meu coração que aos poucos se atrofiavam.
    O pensar a escrita estava desaparecendo, acuado nos emaranhados de meus e_mails, maus escritos e frios.
    Senti um calafrio e resolvi reagir, ou seja: voltei a escrever.
    Abraços, José Araujo

    ResponderExcluir
  2. É Senhor José... Recebo com felicidade a notícia que voltastes a escrever, ou melhor, a passar para o papel e a divulgar o que na verdade escreve-se naturalmente dentro da cabeça e do coração de poeta/escritor de linhas tão desejosas de serem mostradas!
    Concordo piamente com sua posição frente a origem do lixo contemporâneo, mas felizmente de tempos em tempos ainda nos deparamos com belas junções de palavras, zelosamente ordenadas, que possuem uma unica e nobre utilidade: Servir de alimento à alma! E gostaria de dizer-lhe que tal alimento, encontro fartamente nos versos que com prazer acompanho em suas divulgações.
    Muito obrigado pela visita e pelo comentário.
    Abraços, Amarildo Damaceno.

    ResponderExcluir