domingo, 3 de outubro de 2010


Latente.

Daquelas tardes quentes
Nem o suor sobrou,
Contanto que te contentes
Afasto-te desta dor.

Traga-me água, digo a Quitéria,
Traga-me água, pois tenho sede.
Traga-me água sem mais demora,
Traga-me água pra meu deleite.

Das tardes cinzas, sobraste o cinza
Parece muito, mas digo que não o é.
Das tardes cinzas o importante era a tinta
Com as quais pintavas meu mal-me-quer.

Traga-me o almoço, digo a Quitéria,
Traga-me o almoço, pois tenho fome.
Traga-me o almoço pois tú não sabes,
Que sem sustento desfaz-se o Homem?

Das noites frias ficaste o cobertor
O do corpo, pois o da orelha levaste,
Ora pois, se foi-se, foi-se porque encontrou
As tardes quentes em outras partes.

  

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